Os últimos dados sobre a população estrangeira (a que não tem nacionalidade cabo-verdiana) revela que esta representa cerca de 3% do total da população de Cabo Verde. Se é verdade que a maior parte dos estrangeiros se encontram em idade ativa (acima dos 15 anos), é também verdade que o grupo com faixa etária inferior aos 19 anos deve ser considerado.
Se há crianças que acompanham os pais e se estabelecem em Cabo Verde, outras há que nascem no país sendo, em ambos os casos, o seu processo de integração condicionado por diversos fatores: linguísticos, afetivos/ emocionais e legais, o que demanda a necessidade de uma política de imigração e de integração concertada, assente no envolvimento das instituições e parceiros que, de forma direta ou indireta, lidam com as temáticas das migrações e das crianças migrantes ou descendentes de imigrantes.
A Alta Autoridade para a Imigração (AAI, I.P) dando continuidade às atividades de promoção do respeito pelas diferenças em contexto migratório e prevenir práticas discriminatórias (em função da cor da pele, língua, nacionalidade, cultura, religião, etnia, nível de escolaridade), centra-se desta feita nas crianças imigrantes ou descendentes de estrangeiros e imigrantes, as quais são muitas vezes confrontadas com questões relativas à Lei da Nacionalidade, enquanto importante instrumento que condiciona o processo de integração.
Assim, com o apoio da Plataforma das Comunidades Africanas, a AAI auscultou um grupo de crianças, para melhor compreender como se processa o seu percurso migratório e a sua integração no país (incluindo as questões relativas à nacionalidade), como as diferenças culturais são vivenciadas e desmistificadas, o sentimento de pertença, a construção de saberes e aprendizagem. Estes relatos resultaram num vídeo onde 9 crianças, filhas de imigrantes estabelecidos em Cabo Verde, relatam um pouco da sua vivência no país, evidenciando que «Todos nós viemos de algum lugar. Todos temos destino e objetivos em algum lugar, e... Todos nós somos e fazemos parte de algum lugar».